terça-feira, junho 18, 2013
O espírito
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segunda-feira, março 28, 2011
Barbárie
A Folha.com noticia que a revista Rolling Stone veiculou em seu site reportagem na qual denuncia atrocidades cometidas por comando de infantaria das Forças Armadas americanas contra civis na propalada Guerra ao Terror. Os crimes foram praticados na província afegã de Kandahar, em janeiro do ano passado, numa operação em busca de rebeldes talibãs.
Quando um fato como esse vem à tona, a causa é a delinquência de meia dúzia de degenerados. Quando um atentado terrorista é cometido por fanáticos islâmicos, a culpa é de todo um povo.
A barbárie não é exclusividade de um povo, mas um fato histórico que mancha todos os povos, sejam ocidentais ou orientais. A barbárie é exclusividade da raça humana.
Felizmente a raça humana não é apenas barbárie, mas também é música. Na Radio Blog, vale a pena escutar Here Comes Your Man. Recomendação ao lado, principalmente para quem se chocou com as imagens dantescas do site da Rolling Stone.
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segunda-feira, março 14, 2011
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sexta-feira, março 11, 2011
Terremoto
Depois que se refizeram um pouco, encaminharam-se para Lisboa; restava-lhes algum dinheiro, com o qual esperavam salvar-se da fome, depois de haverem escapado à tempestade.
Mal entravam na cidade, chorando a morte do benfeitor, quando sentem o solo tremer sob os seus pés; o mar, furioso, galga o porto e despedaça os navios que ali me acham ancorados. Turbilhões de chama e cinza cobrem as ruas e praças públicas; as casas desabam; abatem-se os tetos sobre os alicerces que se abalam; trinta mil habitantes são esmagados sob as ruínas. Assobiando e praguejando, dizia consigo o marinheiro: – Muito há que aproveitar aqui. – Qual poderá ser a razão suficiente deste fenômeno? – indagava Pangloss.
Chegou o último dia do mundo! exclamava Cândido. O marinheiro corre imediatamente para o meio dos destroços, afronta a morte em busca de dinheiro, acha-o, embriaga-se; depois de cozinhar a bebedeira, compra os favores da primeira rapariga de boa vontade que encontra sobre as ruínas das casas e em meio dos mortos e moribundos. Enquanto isto, Pangloss puxava-o pela manga. – Meu amigo – dizia-lhe, – isto não está direito, ofendes a razão universal, empregas muito mal o teu tempo. – Com os diabos! – responde o outro, – sou marinheiro e nasci em Batávia; marchei quatro vezes sobre o crucifixo, em quatro viagens que fiz ao Japão; e ainda me vens com a razão universal!
Alguns estilhaços de pedra haviam ferido Cândido, que se achava estendido no meio da rua e coberto de destroços.
— Ai! – dizia ele a Pangloss, consegue-me um pouco de vinho e de óleo, que estou morrendo.
— Este terremoto não é novidade nenhuma – respondeu Pangloss. – A cidade de Lima experimentou os mesmos tremores de terra no ano passado; iguais causas, iguais efeitos: há com certeza uma corrente subterrânea de enxofre, desde Lima até Lisboa.
— Nada mais provável – respondeu Cândido, – mas, por amor de Deus, arranja-me óleo e vinho.
— Como, provável? – replicou. – Sustento que é a coisa mais demonstrada que existe.
Cândido perdeu os sentidos, e Pangloss trouxe-lhe um pouco de água de uma fonte vizinha.
No dia seguinte, havendo encontrado alguma provisão de boca em meio aos escombros, repararam um pouco as forças. Em seguida puseram-se a trabalhar como os outros para auxiliar os habitantes escapados à morte. Alguns cidadãos por eles socorridos deram-lhes o melhor almoço que poderiam encontrar em tais circunstâncias. Verdade que a refeição era triste; os convivas regavam o pão com lágrimas. Mas Pangloss consolou-os, assegurando-lhes que as coisas não poderiam ser de outra maneira: “Pois tudo isto – dizia ele – é o que há de melhor. Pois, se há um vulcão em Lisboa, não poderia estar noutra parte. Pois é impossível que as coisas não estejam onde estão. Pois tudo está bem”.
Um homenzinho de preto, familiar da Inquisição, que se achava a seu lado, tomou polidamente a palavra e disse:
— Pelo visto, o senhor não crê no pecado original; pois, se tudo está o melhor possível, não houve nem queda, nem castigo.
— Peço humildemente perdão a Vossa Excelência – disse Pangloss ainda mais polidamente, – pois a queda do homem e a maldição entravam necessariamente no melhor dos mundos possíveis.
— O senhor não crê então na liberdade? – perguntou o familiar.
— Vossa Excelência me desculpará – disse Pangloss; – a liberdade pode subsistir com a necessidade absoluta; pois era necessário que fôssemos livres, porque enfim a liberdade determinada...
Pangloss estava no meio da frase, quando o familiar fez um sinal de cabeça para o seu lacaio, que lhe servia vinho do Porto.
As imagens do terremoto e da gigantesca tsunami que devastou uma região do Japão nesta sexta-feira voltam a despertar no homem o sentimento de total impotência ante a força da natureza. "Vivemos no melhor dos mundos possíveis", dizia Pangloss, parodiando Leibniz, no clássico de Voltaire.
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sexta-feira, março 04, 2011
INFÂMIA
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terça-feira, março 01, 2011
Agradecimento de um leitor
Ao Scliar, assim como ao Erico, escritores destacados na biblioteca do meu pai, atribuo a responsabilidade por terem me tornado um apaixonado pela literatura. Foi Cenas da Vida Minúscula, que li ainda guri lá em Jaguarão, meu verdadeiro primeiro livro. Foi o primeiro livro a me instigar a curiosidade de manusear o dicionário (na busca pelo significado da palavra homúnculo)... e também o primeiro a me fazer “viajar”( na trilha das Amazonas). Na adolescência, após ler uma crônica sua, em que parafraseava uma passagem bíblica, me senti encorajado a arriscar uma paráfrase sobre a vida de Jesus (um Cristo nascido menino de rua, sob um viaduto, e que se tornaria Rei dos Mendigos), a qual me rendeu elogios da professora de português, diante de toda a turma, incentivando ainda mais a minha voracidade pelos livros e pela escrita. Herdei do pai o hábito de ler a ZH dominical, sobretudo as crônicas do Veríssimo e do Scliar, desde os tempos do Caderno ZH e por fim no Caderno Donna. “Leste o Scliar?”...era pergunta habitual lá em casa aos domingos. É difícil assimilar a ideia de que não mais lerei o Scliar na ZH dominical. O Veríssimo ficará lá, solitário na terceira página....depois de lê-lo faltará algo....Bem que poderiam remanejar o David para lá. Penso que existe algo em comum entre eles, não pelo estilo, sei lá, acho que pelo fato de o Scliar ter prefaciado o Canibais, mas principalmente por ainda guardar em minha Caixa de Entrada a resposta do David a um e-mail que enviei-lhe alguns dias atrás: “Segue na mesma, Joaquim...” O Scliar não merecia seguir na mesma em que estava desde o início de janeiro. Na realidade, ele já não estava mais aqui, e Saturno parecia reinar no Bom Fim. Quando sair do escritório, rumando pela Independência e descendo a Telles, ainda lembrarei daquela crônica na qual ele descrevia um passeio matinal pela Vasco, pela Telles, pela Ramiro, mas não mais conservarei aquela esperança de encontrá-lo numa virada de esquina. É difícil circular pelo Bom Fim sabendo que ele não mais está aqui. Quero a Rua Moacyr Scliar! Para quem comentarei a respeito dos nomes que condicionam destinos? A quem recorrerei para encontrar novas releituras do Antigo Testamento? Adeus Scliar, obrigado por ajudar meu pai a me fazer um apaixonado pelos livros. Shalom Scliar. Na minha biblioteca estás imortalizado e as tuas histórias serão lidas pelo meu filho.. E será a tua imortalidade que me ajudará, assim como ajudaste o meu pai, a fazer do meu filho um grande leitor. E assim como aconteceu comigo, e com tantos outros, acontecerá com o Gabriel e tantos outros futuros leitores...Leitores gerados graças a Escritores com E maiúsculo, como tu e o Erico...Escritores...esses seres imortais...Como tu, caro Scliar....Obrigado Moacyr Scliar...Obrigado...Shalom.
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sexta-feira, janeiro 16, 2009
Um avião em Nova Iorque e um ônibus a caminho de Pelotas
Hoje pela manhã, ao ligar a TV enquanto o café passava, um soco no peito anunciou a tragédia Xavante. Como pôde aquele ônibus ter-se perdido na curva assassina?
Choramos a estupidez sobre rodas. Choramos o sangue Xavante.
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quarta-feira, novembro 05, 2008
O raio abençoado
Li há pouco sobre a vitória de Barack Obama na histórica eleição norte-americana. O mundo sempre esteve mais seguro, a paz mais prestigiada, quando a maior potência do planeta foi governada pelos democratas. Ver um negro ocupando a Casa Branca é motivo de felicidade para qualquer adepto da democracia (a única ideologia que coloca o ser humano acima de todas as coisas). Barack é raio em hebraico. Obama, abençoado em sualli (dialeto queniano). O mundo, nem tanto quanto os EUA, esperam que os sonhos vendidos por Obama se tornem realidade.
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