sexta-feira, julho 13, 2007

O vergonhoso Pan 2007

Hoje à tarde todos os holofotes estarão direcionados para a abertura dos Jogos Pan -Americanos. A mídia, capitaneada pela Rede Globo, tenta instaurar um clima de euforia sobre os brasileiros. Não temos por que criticar a atitude da mídia. É o papel dela, papel até elogiável, pois representa uma tentativa de evitar um grande fiasco. Analisar o evento esportivo que se inicia na tarde de hoje - na verdade, desde ontem já começaram os jogos - requer que adotemos dois pontos de vista: o econômico e o esportivo. Do ponto de vista econômico, o Pan é uma vergonha. Orçado incialmente em 400 milhões de reais, o custo final do evento resultou em mais de 3 bilhões. O atraso na conclusão das obras, os vários casos de calote perpetrados pelos organizadores, além do prometido e não cumprido investimento em infra-estrutura na cidade do Rio de Janeiro - que ia desde obras de prolongamento do metrô a um aumento na destinação de recursos para a segurança pública - transformam o evento em um desastre. Desastre esse que também é constatado sob a ótica específica do esporte. Em um país onde o dinheiro se concentra apenas no futebol, motivo pelo qual os resultados positivos nas demais modalidades esportivas transformam os responsáveis em verdadeiros heróis, face à total ausência de apoio; além da notória falta de repercussão de conquistas em esportes como o iatismo, o hipismo e o judô, fazem com que essa atenção da mídia sobre o evento soe como alarde passageiro. Um circo sem maior importância para o contexto esportivo nacional. Por outro lado, os jogos pan-americanos nunca receberam maior atenção da mídia:Você sabe qual país ganhou a medalha de ouro no futebol ou no vôlei nos últimos jogos?. É inegável que no Brasil as atenções sobre o esporte dito amador restringem-se aos jogos olímpicos. Nunca sobre os campeonatos mundiais, muito menos sobre eventos como o pan-americano. Ademais, o prenúncio de um fracasso na organização dos jogos que se iniciam na tarde de hoje pode representar o sepultamento definitivo do sonho de sediarmos uma Copa do Mundo ou uma Olímpiada num futuro próximo. O pior é que, face à intrínseca desorganização brasileira, a frustração desse sonho pode não representar um lamento, mas sim um alívio. Espero estar errado.

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