A abertura dos arquivos secretos da CIA, levada a cabo nos últimos dias, mais do que revelar a atuação e ingerência do governo norte-americano sobre a América Latina, marcada por tentativas de assassinato de líderes de esquerda à elaboração de relatórios investigativos permeados de imprecisões interpretativas, serve de escopo para que reflitamos mais uma vez sobre a omissão do governo brasileiro em abrir os arquivos secretos da ditadura militar.
A grande mídia, embora de forma ocasional, tem se insurgido contra esse verdadeiro atentado ao direito de informação da sociedade brasileira. Esta, por sua vez, talvez em decorrência da overdose de escândalos noticiados cotidianamente pela imprensa, não tem demonstrado grande disposição em lutar pelo direito que lhe assegura tanto a Constituição quanto a legislação infraconstitucional. Afora aqueles que tiveram familiares diretamente vitimados pelo regime, a maioria dos brasileiros não parece nem um pouco interessada em conhecer maiores detalhes sobre o que ocorria nas masmorras dos anos de chumbo.
Não obstante a omissão do Executivo, o Ministério Público e alguns setores da sociedade civil têm clamado pela abertura dos arquivos, sem, no entanto, obter grande sucesso.
Não se trata simplesmente de elogiar o forte respeito dos norte-americanos pela liberdade de informação – o qual de fato existe, embora severamente mitigado nestes tempos de governo Bush -, mas sim de exigir do governo brasileiro que acabe logo com essa injustificada omissão.
Vozes autorizadas afirmam que a omissão do governo brasileiro tem como propósito preservar a honra e a imagem de militares e de políticos, de esquerda e de direita, que ainda conservam o status de homens públicos.
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