Pretendia começar este texto dizendo que agora há pouco mais uma vez o futebol subverteu a lógica. Mas percebi o equívoco em que estava incorrendo. A vitória da seleção brasileira observou com rigor a lógica do esporte. Lógica esta que reza que no esporte e na vida vence o bom e o que tem vontade de vencer. Não basta ser bom. Não basta apenas ter vontade de vencer. O vencedor, sempre, precisa preencher concomitantemente esses dois requisitos. E para consegui-lo, precisa observar um outro elemento, sem o qual os outros dois nunca poderão ser conectados: a competência. Qualidade e vontade, ligados pela competência, sempre redundarão em vitória. A conquista brasileira na Copa América, sobretudo neste jogo final, ocorreu por que a equipe adotou com rigor essa fórmula. Fórmula esta que, para desconforto dos críticos cariocas e paulistas, tem a marca do Dunga. O título da Copa América, assim como a conquista do tetra em 94, têm a cara do Dunga. Cara essa que não víamos na seleção brasileira desde a Copa de 2002, quando o Felipe nos trouxe o penta. O Brasil venceu porque adotou a humildade e desceu do panteão dos campeões por presunção..por antecipação. Desde 2002 não via uma seleção brasileira jogar com raça, com vontade. Desde 2002 não via uma seleção tão comprometida com a vitória, tão alheia às máscaras dos que se auto-intitulam deuses inconstestes do esporte. Desde 2002 não víamos uma seleção composta por atletas tão cientes da sua capacidade, mas ao mesmo tempo conscientes de que a qualidade não é o suficiente. Se bastasse a qualidade, seria a Argentina a campeã. Riquelme, Messi, Verón, Tevez, Aimar, Mascherano...como comparar esses jogadores aos nossos Júlio Batista, Vágner Love, Josué, Mineiro? Abissal diferença que se viu subtmamente subjugada dentro de campo. Os argentinos que não erravam passes, que tocavam sempre de primeira, que demonstravam uma técnica e uma consciência tática insuperáveis repentinamente não entraram em campo. O Riquelme nunca errou tantos passes, nunca bateu faltas com tamanha imprecisão. O Verón, o maestro argentino, parecia um apoplético meio-campista. O genial Messi foi completamente anulado pela marcação brasileira. Mascherano perdia todas as divididas. Os argentinos simplesmente levaram um chocolate do Brasil. A marcação imposta, a raça incansável, mas sobretudo a vontade de vencer nos deram o título. A Argentina se consolida como um histórico freguês do Brasil. Confesso, por fim, que antes da partida prolatava aos quatro cantos o meu entusiasmo e a minha admiração pelo futebol jogado por essa seleção argentina. Mais uma vez me equivoquei, assim como muitos também se equivocaram. Difícil é enfrentar o México, a Argentina é uma barbada. Como é bom ganhar da Argentina.
domingo, julho 15, 2007
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