segunda-feira, julho 23, 2007

A morte do Coronel

A morte de ACM, ocorrida na última sexta-feira, nos motiva a escrever algumas palavras sobre um dos maiores expoentes do coronelismo brasileiro. Antônio Carlos Magalhães, conhecido também pela apropriada alcunha de Toninho Malvadeza, foi uma das mais bem-sucedidas crias da ditadura militar. O grande mérito de ACM foi ter conseguido, junto com outras poucas criaturas do regime, se manter no poder após a "redemocratização" do país. Parido, construído e alavancado politicamente graças à seu forte laço de afeição aos militares, ACM alcançou a glória política, como tantos outros coronéis nordestinos, valendo-se sobretudo do privilegiado acesso a concessões de rádio e televisão. Segundo dados divulgados pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (www.fndc.org.br), ACM, junto com sua família, era proprietário da Rede Bahia, que domina todos os segmentos de comunicações do Estado; de 6 geradoras de TV aberta e de 311 retransmissoras (todas filiadas à TV Globo); uma TV UHF; parte de operadora de TV a cabo de Salvador, abrangendo também Feira de Santana,; parte de uma operadora MMDS com outorga também na capital e em 3 cidades do interior da Bahia e em Pernanmbuco, afiliadas da NET TV; duas emissoras e uma rádio FM;um selo fonográfico; uma editora musical;um jornal diário; uma gráfica e uma empresa de conteúdo e entretenimento. Soube como poucos utilizar o poder político para obter concessões, e através dessas concessões dominar a mídia de seu Estado, retroalimentando sua sanha pelo poder. Proprietário desse vasto império, soube reciclar-se com maestria quando os militares se auto-defenestraram do poder, utilizando a mídia como instrumento de lobotomia, por meio da qual construiu subliminarmente uma imagem carismática perante seus eleitores. Foi no comando do Ministério das Comunicações, no governo Sarney (85-88), que o finado Toninho construiu a sua imagem de Malvado, utilizando a máquina estatal em proveito próprio, expandido seu poder desmesuradamente. A morte de ACM representa o fim de um ícone do coronelismo eletrônico. Para os defensores da democratização das comunicações, o 20 de julho poderia transformar-se em uma data comemorativa. No entanto, sabemos que nenhum coronel morre sem deixar sucessores. A dinastia malvadeza já se prolifera pelos escaninhos do poder, contaminando a vida pública brasileira por meio do uso da mídia como instrumento de deformação e conspurcação da liberdade de pensamento dos eleitores. A realidade é mais forte que a esperança. A realidade brasileira nos faz lamentar a deturpação do princípio da liberdade de imprensa. A democracia ainda é uma realidade longínqua nestes pagos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amorzinho...a partir de "A Morte do Coronel", que diga-se de passagem muito bem escrito, não esqueças que o "a" não leva crase quando procedida de palavras pluralizadas. Parabéns pelo conteúdo...TE AMO JOAQUIM. BEIJOS DA MULHER DA TUA VIDA!!!