quarta-feira, agosto 09, 2006

Absurdo

A acusação do secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, proferida na noite desta segunda-feira em programa da rede Bandeirantes de televisão, de que o PT estaria por trás das ações criminosas do PCC, não pode ser encarada de outra maneira senão a de que o governo “tucano” paulista entregou os pontos quanto à guerra contra o crime organizado.

Dita acusação, além de absurda, é burra, oportunista, covarde e irresponsável.

Absurda – e caluniosa - , haja vista que quando questionado acerca de quem de dentro do PT, especificamente, estaria em conluio com o PCC na perpetuação dos ataques criminosos, o secretário, em flagrante crise de idiotia, disse que não sabia apontar no momento mas que isso seria investigado.

Burra por servir de reconhecimento do governo paulista de que efetivamente perdeu o controle sobre a segurança pública do Estado, assumindo, portanto, a sua incapacidade gerencial, o que representa uma confissão de incompetência administrativa.

Oportunista, pois revela que o verdadeiro incômodo do governo paulista – leia-se, tucano – com relação ao caos que se abate sobre o Estado não diz respeito aos efeitos nefastos que este vem gerando sobre a população, mas sim ao efeito negativo que representa para a ambição tucana de vencer as eleições de outubro.

Covarde, pois revela prática comum na história da administração pública brasileira, e de forma alguma tática exclusiva dos tucanos, de ao invés de reconhecer os próprios erros e esforçar-se para tentar corrigi-los, prefere empurrar para o rival a responsabilidade quanto a estes.

Irresponsável, pois ao apontar, sem o mínimo de evidências, uma colusão entre o partido do Presidente da República e o crime organizado, não pondera sobre a repercussão que dita alegação pode produzir para a estabilidade social da nação, além da potencial benesse que pode significar para as ações do PCC.
No momento em que efetuou dita denúncia, o secretário, com certeza, afora tudo o que aqui se disse, não apercebeu-se de que estava dando um tiro no próprio pé. Não andaria de forma tão trôpega o ilustre secretário paulista se, ao invés de tentar atirar no PT, tivesse criticado o governo federal quanto a ausência de uma política nacional de segurança pública. Andaria melhor ainda se tivesse responsabilizado o governo federal pela falência da segurança pública no país. No entanto, ao deixar o desespero tomar conta, aliado à entranhada prática política brasileira de pensar o governo única e exclusivamente como palanque para as eleições seguintes, o secretário tucano revelou às claras que o PSDB não tinha um programa de governo para implementar no Estado de São Paulo e, por dedução lógica, também não o tem para administrar o Brasil.

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