quinta-feira, dezembro 27, 2007

Os Condores

Segundo os documentos oficiais examinados até hoje, a participação do Brasil na Operação Condor não consistia em cometer assassinatos. No entanto, os mesmos documentos - grande parte relatórios da CIA - revelam que militares brasileiros participavam diretamente na captura, no sequestro e na entrega de opositores aos diversos regimes militares da época. Se não "sujavam as mãos" executando as vítimas, os militares as entregavam aos vizinhos aliados, os quais, por sua vez, encarregavam-se de assassiná-las. Além de fornecer informações aos governos vizinhos, e sequestrar os "subversivos", os militares torturavam friamente os capturados.

Vozes de peso, como as dos ex-ministros do STF Francisco Rezek, Carlos Veloso, e do atual Ministro Marco Aurélio Mello, afirmam que os pedidos de extradição dos 11 indiciados pela Justiça italiana não deverão prosperar. Rezek afirma ainda que os crimes em que foram enquadrados (tortura, homicídio e desaparecimento) já estariam prescritos. Para penalistas de renome, como o advogado Belisário dos Santos Jr., os crimes de tortura, além de submeterem-se à jurisdição internacional, são imprescritíveis. Alguns especialistas invocam a Lei de Anistia como fundamento para a inimputabilidade dos 11 indiciados. O presidente da OAB, Cézar Britto, embora compartilhe da opinião de que os indiciados não podem ser responsabilizados penalmente, opina que a Lei da Anistia não pode impedir a abertura de processos que servirão como censura às condutas criminosas praticadas durante o regime. Na comarca de São Paulo tramita uma ação cível, cuja pretensão é a obtenção de provimento jurisdicional que declare que o ex-general reformado Carlos Alberto Ustra praticou crimes de seqüestro e tortura durante a ditadura militar.

Ainda que a extradição dos 11 indiciados seja inconstitucional e que a instauração de processo semelhante no Brasil seja improvável, a iniciativa da Justiça italiana é louvável, na medida em que sacode o tapete e revela um pouco da sujeira que ainda está escondida. Temos o direito de obter acesso à toda e qualquer informação referente às barbáries praticadas pelos condores brasileiros. A insistência em manter lacrados os arquivos de um dos períodos mais negros da nossa história é uma ofensa ao povo brasileiro.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Justiça italiana inicia devassa na Caserna brasileira

A BBC Brasil divulgou a lista dos 11 milicos que tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça italiana por co-responsabilidade no desaparecimento de cidadãos italianos durante o regime militar. O governo brasileiro, por intermédio do Ministro Tarso Genro, afirmou que não poderá colaborar com o pedido de extradição. A Constituição Federal, tão vilipendiada durante os anos de chumbo, acaba servindo de escudo para os generelíssimos, uma vez que o Brasil não pode autorizar a extradição de brasileiros para responderem a processos no exterior.

Eis a lista:

Carlos Alberto Ponzi - ex-chefe do SNI em Porto Alegre

Agnello de Araújo Britto - ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro

Antônio Bandeira - ex-comandante do 3º Exército

Henrique Domingues - ex-comandante do Estado Maior do 3º Exército

Luís Macksen de Castro Rodrigues - ex-superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul

João Leivas Job - ex-secretário de Segurança no Rio Grande do Sul

Átila Rohrsetzer - ex-diretor da Divisão Central de Informações

Marco Aurélio da Silva Reis - ex-diretor do Dops no Rio Grande do Sul

Octávio de Medeiros - ex-ministro do Serviço Nacional de Informações

Euclydes de Oliveira Figueiredo Filho - ex-diretor e comandante da Escola Superior de Guerra e irmão do ex-presidente Figueiredo

Edmundo Murgel - ex-secretário de Segurança no Rio de Janeiro


Procuradas pela imprensa, as vozes da Caserna mantêm-se em silêncio sepulcral.

terça-feira, dezembro 25, 2007

A Raiz de todo mal?

Chuvinha gostosa, calorzinho suportável, preguiça pós ceia de Natal, distância geográfica, solidão inevitável...clima propicio para cometer o sacrilégio de curtir o ócio assistindo ao documentário The Root of Evil?, do biólogo e militante ateísta Richard Dawkins.

Antes de analisar as opiniões externadas por Dawkins, é preciso analisar o contexto em que são produzidas.

Nenhuma outra nação ocidental vive sob o jugo do fundamentalismo cristão como os Estados Unidos da América. Na verdade, os EUA são cria de um grupo de fundamentalistas protestantes que rumaram para o Novo Mundo com a firme convicção de que eram os escolhidos de Deus para a tarefa de construir a Terra Prometida. Há mais de 300 anos, essa idéia não soava de maneira tão maluca. Ocorre que hoje, esse tipo de pensamento, verdadeiro delírio coletivo que assola mais de 75% do povo norte-americano, é um grave problema. Mais de 135 milhões de norte-americanos acredita na existência do Inferno, dentre eles o Presidente. Pior do que acreditarem que o pecado conduz ao inferno, é achar que a purificação proposta pelas centenas de seitas neopentecostais lhes assegurará um lugar cativo no Paraíso; e que tudo o que aqui fizerem, desde que freqüentem os cultos e sigam a doutrina, lhes salvará.

O fundamentalismo cristão é um problema gravíssimo, verdadeira epidemia que assola as terras do Tio Sam. Uma nação em que as escolas, a grande maioria delas, execra a teoria da evolução e tem no Gênese a única fonte capaz de revelar a verdade sobre a origem da vida, padece de uma assustadora doença, carecendo de forte oposição em termos pedagógicos.

Para 80% dos norte-americanos, o Universo foi criado há menos de 6 mil anos. A Teoria da Evolução é uma falácia, um sacrilégio que reduz os filhos de Deus à meros animais.

É contra esse tipo de alienação que Dawkins se insurge, ferrenhamente, pregando que a religião é a raiz de todo o mal.

Dawkins discorre a respeito do fundamentalismo islâmico (fonte dos homens-bomba) e mosaico. Mas mais tempo a derrubar os dogmas cristãos.

Ao se dispôr a enfrentar tamanha batalha, contrapondo a luz da ciência às trevas da fé, Dawkins acaba, de forma paradoxal, pregando uma espécie de fundamentalismo científico.

Embora agnóstico, discordo que a religião, strito senso, seja a raiz de todo o mal. O fundamentalismo, sim, é uma das tantas raízes do mal reinante.

Religião e ciência, fé e razão, são formas diferentes de tentar descrever o homem, a vida, o Universo.

A religião se torna maléfica quando se apresenta como a dona da verdade, das verdades primeiras e últimas. Reconheço que a grande maioria delas se propõe a isso; mas existem muitas, todas elas de origem oriental, que se restringem a procurar ajudar as pessoas a buscar o auto-conhecimento. Não se preocupam em pregar verdades, mas ajudar as pessoas a encontrá-las, tudo em nome de uma finalidade única: viver segundo preceitos de solidariedade, de respeito e amor ao próximo e a si próprio.

À ciência incumbe a tarefa de descrever as regras do Universo. De contemplar e descrever. De se questionar ao infinito, sobrepujando teorias obsoletas e chegar o mais próximo possível da compreensão do todo - que se um dia acontecer, representará o seu próprio fim.

Não cabe à ciência provar ou negar a existência de Deus. Assim como não é tarefa da religião dizer como, quando e porque o Universo e a vida foram criados.

Quando cientistas e religiosos se conscientizarem a respeito de suas tarefas, e muitos o são, não haverá lugar para os fundamentalismos.

3 Filmes sobre a História da Irlanda

Domingo Sangrento (Bloddy Sunday), 2001, direção de Paul Greengrass

Em Nome do Pai (In the Name of the Father), 1993, direção de Jim Sheridan, com Daniel Day- Lewis, Pete Postlethwait e Emma Thompson

Michael Collins, 1996, direção de Neil Jordan, com Liam Neesson, Stephen Rea, Aidan Quinn e Julia Roberts

Irlanda


Antes de sua adesão à União Européia, ocorrida em 1973, a Irlanda era um país extremamente pobre, predominantemente agrícola, atividade desenvolvida de forma rudimentar, incapaz de propiciar o necessário desenvolvimento econômico.

Como membro da União Européia, a Irlanda vivencia um boom econômico, fruto da modernização econômica e da grande modernização tecnológica.

Durante séculos, a Irlanda foi o derradeiro recanto da cultura celta, que antes abrangia a França e a Inglaterra. No século V, foi convertida ao cristianismo por St. Patrick. Desde o século XII, quando o rei normando-inglês Henrique II resolveu ocupá-la, os irlandeses passarem a sofrer severos martírios sob o jugo da espada inglesa.

No século XVI, quando da Reforma Protestante, mais especificamente com o rompimento de Henrique VIII com Roma, que culminou na fundação da Igreja Anglicana, os irlandeses, de arraigado catolicismo, rebelaram-se corajosamente contra o domínio inglês. Como estratégia para "amansar" os rebeldes irlandeses, Henrique VIII editou a Lei da Cedência e Devolução, através da qual transformava todas as terras da Irlanda em propriedade pessoal sua, do Rei. Somente os proprietários que jurassem fidelidade ao rei inglês teriam devolvidas as terras expropriadas. Cada motim irlandês era reprimido com o aumento do confisco de terras. Em 1570, a rainha Isabel I proibiu o comércio de lã, que rivalizava com a produção inglesa. Medidas idênticas foram tomadas contra a produção de tabaco e de algodão, o que lançou a ilha num estado de pobreza crônica. Os ingleses, não satisfeitos em aniquilar a economia irlandesa, passaram a reprimir as manifestações culturais celtas, proibindo sua língua e seus trajes, num dos maiores etnocídios da história da Europa.

Ao longo dos séculos, a luta entre ingleses e irlandeses apenas se intensificou. No século XX, o domínio inglês determinou ao povo irlandês que se alistasse para lutar pela Inglaterra na 1ª Guerra Mundial, fato que levou o genial poeta W.Yeats a escrever que o destino do povo irlandês é "guerrear a quem não odiavam e proteger a quem não amavam".

Em 1916, aproveitando o enfraquecimento inglês, fruto do envolvimento na primeira grande guerra, um grupo de militantes da Irmandade Republicana irlandesa (predecessora do IRA), organizaram um levante que redundou na proclamação da República Irlandesa.

A principal força rebelde irlandesa, o IRA, fundado por Michael Collins, passou a protagonizar uma série de ações espetaculares, que levaram a decretação de Lei Marcial em solo irlandês. Em 1920, como represália a morte de 14 oficiais ingleses, um grupo de forças especiais a serviço da Inglaterra (Blacks and Tans) invadiram um estádio de futebol em Dublin e abriram fogo, covardemente, contra os espectadores, culminando em 12 mortos e centenas de feridos. O episódio ficou conhecido como Bloody Sunday.

Em 6 de dezembro de 1921, os irlandeses, liderados por Michael Collins, assinaram o Tratado Anglo-Irlandês, que assegurou a indepedência parcial da Irlanda, na medida em que, ao norte, 6 províncias do Ulster, predominantemente protestante, permaneceriam ligadas à Inglaterra.

Neste século, o IRA aceitou baixar as armas. Em troca, os ingleses passaram a respeitar os 3/4 do território como independentes. A economia irlandesa vem dando um salto significativo, e no campo cultural fala-se em um "renascimento gaélico". Após mais de 800 anos servindo de laboratório para as mais abomináveis atrocidades perpetradas pelo imperialismo britânico, hoje a Irlanda parece ter conseguido, após tanto heroísmo e bravura, alcançar a paz.


Pesquisa: História por Voltaire Schiling (http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index.htm)

Como tudo funciona

Já havia indicado o site Como tudo funciona (link na lista ao lado) quando me meti a fazer uma breve descrição sobre a origem e o funcionamento dos buracos negros.

O site foi criado em 1998, por um professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte. Se você é curioso, garanto que vai se deleitar com as informações nele contidas. Os assuntos são divididos por tópicos e subtópicos, como ciência (ciências da vida, ciências naturais, ciências da Terra, engenharia, espaço e sobrenatural) e sua casa (coisas da casa, comida, segurança da casa, reforma doméstica, home office, no jardim). É possível descobrir desde como consertar uma geladeira até como se dá a partida nos motores a jato dos aviões.

Num feriado chuvoso como o de hoje, em que não estamos a fim de nos desgastarmos com maiores preocupações, é uma excelente pedida para passar o tempo.

Natal na Caserna

Alguns "generalíssimos" brasileiros receberam um presente de Natal bastante indigesto. A justiça italiana expediu mandado de prisão contra 13 militares brasileiros, protagonistas da Operação Condor, espécie de "Mercosul do Terror" posto em prática pelas sanguinárias ditaduras que assolaram o continente dos anos 60 ao final dos 80. Os nomes dos milicos brasileiros ainda não foram revelados, e as ordens de prisão têm por fundamento a necessária punição dos responsáveis pelo desaparecimento de 22 cidadões italianos durante os anos de chumbo. D. Aloísio Lorscheider parece ter tido uma conversa ao pé-do-ouvido com o Onipresente, tão logo desembarcou no andar de cima. Infelizmente, parece que somente por iniciativa do Judiciário do Velho Continente é que os bandidos que aterrorizaram a América Latina durante os governos militares poderão sofrer alguma punição. Chile, Argentina e Uruguai nem tanto, mas em nosso país, os crimes da ditadura estão longe de merecerem a devida punição pelo Estado. É constrangedor o pacto de silêncio que os governos brasileiros, mesmo quando exercidos por próceres do combate aos governos militares, insistem em impor à sociedade brasileira.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Rádio Blog:U2

Pela próxima semana, disponibilizaremos clipes dos geniais irlandeses do U2. Acabei de postar os clipes e tive a decepção de constatar que o clipe da música Vertigo está falhando. Espero que o problema seja na minha conexão. Se vocês compartilharem a mesma falha, informo que após escolher um dos clipes, é possível assistir a outros. Os recursos do blogger ainda não permitem que façamos uma seleção, portanto as músicas aqui disponibilizadas são selecionadas aleatoriamente pelo you tube. Espero que sejam do agrado.

U2


Enquanto as ruas de Dublin sangravam na resistência contra o poderio britânico, no hoje longínquo ano de 1976, um grupo de 5 jovens irlandeses (Larry Mullen Jr., Paul Hewson, Dave e Dick Evans e Adam Clayton ) resolvem se unir para formar uma banda de punk rock, o Feedback. Dezoito meses depois, o Feedback se transforma no The Hype. Em março de 1978, com a baixa de Dick Evans, inspirados no nome de uma avião espião norte-americano derrubado em território soviético, surge, em definitivo, o U2.

A última grande banda de rock nasceu em um solo que, até então, em matéria de música, nos legara o blues celta de Van Morrison, e, em matéria de literatura, nos brindara com Joyce, Wilde, Yeats e Beckett.

O U2 reinventou o rock, de uma maneira que poucos da sua geração conseguiram. Gestada no cenário musical punk, a voz e a poesia de Bono e a guitarra de Edge elevaram a banda ao panteão dos grandes conjuntos do século XX; e talvez o último grande grupo de rock da história.

O cunho político das letras, reflexo direto das experiências vividas em meio aos sangrentos conflitos entre católicos e protestantes, são a marca registrada do extraordinário Bono Vox - ícone pop somente equiparado a John Lennon.

A preocupação com as grandes questões da humanidade, desde a luta pela liberdade até o esforço em prol da redução das desigualdades, acabou sujeitando Bono a muitas acusações de oportunismo.

A endiabrada, mas ao mesmo tempo minimalista, guitarra de The Edge é outra marca registrada da banda.

De The Unforgatable Fire a How to Dismantle An Atomic Bomb, uma sucessão de obras-primas tornam difícil a tarefa de escolher a melhor. Como gosto de dar palpite nesse tipo de coisa, para este blog, até hoje, The Joshua Tree ainda é insuperável.

Em Rattle and Hum, o U2, sem pudores, fez uma ode aos virtuoses da música norte-americana: de Billie Holiday (Angel of Harlem) a Bob Dylan (All ALong the Watchtower). O disco, ao invés de reconhecimento, recebeu impropérios proferidos por invejosos que o tacharam de pretensioso. Boatos sobre o fim da banda percorreram os bastidores da música pop. Com Achtung baby, visionário disco em que descreviam o futuro pós queda do Muro de Berlim, os irlandeses mostraram mais uma vez a sua singularidade em meio a um mundo em que o comercial predominaria.

O U2 foi o meu primeiro grande grupo de rock, e depois dele, só culivei maior apreço a bandas que o precederam. Depois do U2, o rock acabou. Mas enquanto eles estiverem na estrada, o rock ainda viverá.


Para deleite deste roqueiro quase-órfão.


Feliz Natal a todos!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Macacos e norte-americanos

O irmão ao lado é um macaco reso, macaca mulatta para os íntimos. Os resos são originários da Ásia, tendo se separado da linhagem que deu origem aos seres humanos há cerca de 25 milhões de anos. Apesar dessa separação, o DNA deles é 93% idêntico ao nosso; por isso resolvi chamá-lo de irmão. Pois bem, nosso irmão vem nos prestando grandes serviços há vários anos. Foi utilizando-o como cobaia que cientistas descobriram o fator Rh do sangue, essencial para fazermos transfusões. Nos testes de vacinas contra a AIDS e a gripe, nosso irmão é o principal alvo.

Acontece que agora descobrimos que nosso irmão é tão bom com números quanto nossos outros irmãos, os universitários norte-americanos. Em um teste com 14 estudantes da Universidade Duke, nos States, os cientistas constataram que os resos se mostraram capazes de fazer adições mentais tão bem quanto os norte-americanos, digo, quanto nós, humanos.

Após a descoberta, capitalistas do mercado financeiro estão arregimentando macacos resos para trabalhar em suas agências; pois além de serem tão bons com números como os humanos, não sabem reclamar os seus direitos trabalhistas.

Sobre a pena de morte

A notícia de que a ONU aprovou resolução que pede o fim da pena de morte, muito embora saibamos que as normas por ela promulgadas geralmente carecem de eficácia, merece todos os louvores. Ainda que algumas pessoas, dentre elas o Diogo Mainardi, manifestem opinião favorável à pena capital, somos totalmente desfavoráveis à medida. Os brados favoráveis costumam trazer como fundamento a alegação de que a pena de morte é eficaz na repressão ao homicídio, valendo-se de dados como a redução do índice de crimes contra a vida no estado do Texas graças à instituição da cadeira elétrica. Praticar crimes contra a vida é da natureza humana. Para reprimir o homicídio, a única medida eficaz é assegurar a estrutura de que carece a polícia para o exercício da investigação e, sobretudo, contar com um Judiciário eficiente, norteado pelos princípios universais da razoabilidade, da proporcionalidade e da proteção à dignidade humana.

Os que citam a redução dos homicídios no Texas como fato legitimador da adoção da pena de morte, se omitem quanto ao fato de que a criminalidade em Nova Iorque caiu a patamares ínfimos após o forte investimento estatal na estrutura policial. Em Nova Iorque, não foi preciso adotar a pena de morte para reduzir os homicídios. A única finalidade da pena de morte é legalizar a vingança privada, executada por meio do Estado e da sociedade. Somente para isso se justifica a pena de morte, medida ineficaz para a consecução da verdadeira finalidade da pena: a repressão - desnecessário falar que tal espécie de pena não serve ao escopo pedagógico de toda punição.

Não é o tamanho da pena, mas a certeza da impunidade, como nos dizia Beccaria há 300 anos, que alivia o temor do criminoso. Condenar às bestas humanas à morte é um retrocesso civilizatório; verdadeiro atentado aos princípios universais do direito.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Buraco negro

A imagem revela o jato de um buraco negro de uma galáxia atingindo outra galáxia.

Um buraco negro é o resultado do colapso de uma estrela. As estrelas consistem em corpos imensos de gás, cujo núcleo é uma imensa bomba atômica que tenta explodi-la. Do equilíbrio entre as forças gravitacionais e as reações de fusão do núcleo, é definido o tamanho da estrela.

Com a morte da estrela, a fusão nuclear é interrompida, resultado do consumo total do combustível que a alimentava. Ao mesmo tempo, a gravidade atrai a matéria para o interior e comprime o núcleo. À medida que vai sendo comprimido, o núcleo se aquece e cria uma explosão, ejetando a matéria e a radiação para o espaço. Desse fenômeno resulta um núcleo altamente comprimido e extremamente maciço, cuja gravidade é tão grande que nem a luz consegue dele escapar. Essa intensa gravidade do núcleo faz com que não possa ser captado pela visão, constituindo-se num verdadeiro buraco na estrutura do espaço-tempo. A esse objeto a ciência denomina buraco negro.

Essa definição bastante didática de um buraco negro foi extraída do interessantíssimo site WowStuffWorks - como tudo funciona, cujo link é http://www.hsw.uol.com.br. Vale a pena acessar.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Desinformação

A Veja, em sua edição desta semana, estampa na capa a imagem de um leão piscando um olho, com uma toca de Papai Noel e um medalhão escrito CPMF. O título é o seguinte: Fim do Imposto do Cheque, O LEÃO VIROU PAPAI NOEL, Um presente de 40 bilhões para os brasileiros. De há muito que a revista perdeu total credibilidade em matéria de informação, não escondendo o seu firme propósito de fazer as vezes de panfleto tucano. Quando folheamos a revista e chegamos na reportagem de capa, impossível conter a náusea: uma foto bizonha, estampando os líderes tucanos no Senado e o título: À CPMF, ELES DISSERAM...BASTA! Subtítulo: E, ao fazê-lo, deram nova vida ao Congresso.

Desnecessário ler a matéria para perceber que o propósito da revista é repercutir os brados tucanos: PSDB tira a democracia do limbo.

Não me incluo dentre aqueles que pensam que a liberdade de imprensa exige neutralidade dos veículos de comunicação. Corolário da liberdade de imprensa é o incentivo ao debate de idéias. Para tanto, necessário se faz externar opiniões, expressar opiniões. Só um espírito policialesco impediria a manifestação da opinião da revista. Mas o credo dos editores deveria ceder espaço, nas reportagens, à razoabilidade, ao contraponto entre os fatos apurados. Não é o que se vê na revista Veja. Da capa à última página do espaço destinado ao noticiário político, o que se vê é uma sucessão de agressões à situação, e uma franca e indecorosa tentativa de dar voz à oposição. No episódio CPMF, mais uma vez a ideologia tucana da revista serviu ao propósito de desinformar, de bitolar o leitor.

Fosse a Veja uma revista séria, ciente de suas responsabilidades como veículo de informação, não teria elaborado tão vergonhosa matéria. Ao invés de fazer eco ao cretino discurso tucano, teria apontado os verdadeiros aspectos negativos da prorrogação da CPMF. Ao contrário de fazer uma edição comemorativa à vitória oposicionista, teria elaborado uma inteligente reportagem na qual apontaria que o grande mal da CPMF não era o impacto da mesma sobre o bolso da população, mas sim a desvinculação da receita por ela gerada aos fins para os quais foi criada. O único trecho realmente informativo da reportagem é o gráfico estampado no rodapé da página 63, na qual mostra que a receita da contribuição era destinada num percentual de 40% para a saúde e de 38% para o pagamento de juros da dívida pública. Esse era o grande malefício do chamado imposto do cheque: alimentar os juros ao invés de reverter para a necessitada saúde pública. Pecou também a revista ao não reservar ao menos uma linha para explicar que a CPMF, na realidade, fora criação tucana. Cria tucana, usada pelo governo tucano durante todo o governo FHC.

Veja está a serviço da guerra entre grupelhos iguais nas atitudes e no modo de governar. Veja presta um desserviço à tarefa de informar e ajudar a formar a opinião dos brasileiros a respeito do que realmente se passa na vida da nação.

domingo, dezembro 16, 2007

Campeão Mundial

Após o baile de Kaká, o Milan sagrou-se tetracampeão mundial interclubes. Sim, tetracampeão, apesar de o Joseph Blatter declarar que a FIFA reconhece apenas os títulos dos campeonatos por ela organizados. Para a instituição futebol, não é a decisão estapafúrdia do colorado Joseph Blatter que vai revogar o título mundial conquistado, por exemplo, pelo Santos de Pelé. Também não é a declaração do Blatter que vai fazer com que passemos a considerar o Milan campeão, quando sabemos que ele é tetra. O atual campeonato mundial de clubes, organizado pela FIFA em apenas 4 oportunidades, não tem nada de diferente em relação aos mundiais anteriores. Não é o fato de a disputa envolver, além do campeão sul-americano e do europeu, os campeões da Oceania, da África, da CONCACAF e da Ásia (este na realidade escolhido do confronto entre um time japonês, país sede, e o campeão asiático), que torna este torneio mais valoroso do que aqueles realizados sem a organização da FIFA. Isso fica claro pelo simples fato de que, no final das contas, sempre o título mundial acaba sendo decidido pelo campeão da Libertadores e pelo da Liga dos Campeões. Salto de qualidade daria o torneio se fosse organizado nos moldes da Copa do Mundo, com a presença de mais representantes europeus e sul-americanos, únicos coninentes capazes de montar equipes de melhor qualidade técnica.

Portanto, o Milan é tetracampeão mundial, e Porto Alegre continua sendo a sede de dois clubes campeões mundiais de futebol - digam o que disserem tanto os colorados, como o Jospeh Blatter.

sábado, dezembro 15, 2007

Jimi Hendrix


Integrante da tríade mais famosa de anti-heróis do rock norte-americano, James Marshal Hendrix veio ao mundo em 1942, na histórica Seatle, ingressando no panteão dos deuses da música do Século XX após uma overdose de barbitúricos, em Londres, dois meses antes de completar 28 anos.

Jimi Hendrix recebeu a oportunidade que todo músico busca após ter conquistado a aprovação de Paul MacCartney, transformando-se em ícone da contra-cultura após tocar no Festival de Woodstock - em cujo show, depois de interpretar Purple Haze, improvisou uma versão pacifista do hino norte-americano, permeada de explosões e gemidos alusivos aos tormentos da Guerra do Vietnã.

Are you experienced?, Purple Haze, Hey Joe, Little Wing, Wild Thing, Voodoo Child, Fire, Bold is a love, Foxy lady, All Along Watchtower, são alguns dos clássicos que Hendrix nos legou, sendo que, na opinião deste blog, o álbum Eletric Ladyland constitui-se na sua obra-prima.

Rádio Blog: Jimi Hendrix

Na Rádio Blog desta semana, apresentamos uma amostra da genialidade de Jimi Hendrix. Assista aos clipes no menu à direita.

IGF

A cretina oposição tucana segue refastelando-se na derrota que impingiu ao governo Lula após a rejeição da PEC que prorrogaria a CPMF. Com a estupidez que lhes é peculiar , os próceres do PSDB, capitaneados pelo boçal Arthur Virgílio, entusiasmados com a vitória recente, proferem alertas infantis ao Executivo, ameaçando com a rejeição da prorrogação da DRU. Se no Brasil a política fosse um instrumento a serviço do bem governar, e não um contínuo jogo de interesses puramente privados, o Congresso, ao invés de simplesmente rejeitar a PEC, teria se esforçado paraforçar o Executivo a aplicar a receita da CPMF na modalidade de despesa para que foi criada.

Para quem, assim como este blog, não aguenta mais o festival de besteiras e creticines protagonizadas de igual forma tanto pela situação quanto pela oposição, recomendamos a leitura do excelente artigo a respeito do "cuidadosamente esquecido" Imposto Sobre Grandes Fortunas ( art. 153, VII da CF), de autoria do Procurador da Fazenda Nacional, Almir Teubl Sanches, na edição desta sexta-feira da Folha de São Paulo. Em respeito aos direitos de reprodução da Empresa Folha da Manhã S/A, nos eximimos de transcrevê-lo.









quinta-feira, dezembro 13, 2007

Náusea

A rejeição da PEC que estendia a cobrança da CPMF foi um verdadeiro soco na boca do estômago do governo Lula. Por 4 votos, o Congresso mostrou ao governo - não que ele não soubesse - que a arte da política é feita de cinismo e hipocrisia. Na expectativa de obter a aprovação da proposta, dentre outras negociatas, senadores governistas votaram pela absolvição de Renan Calheiros no processo em que era julgado pela compra de rádios através de laranjas. Em troca, Renan renunciou à presidência do Senado e seus comparsas prometeram a Lula que votariam pela aprovação da proposta de prorrogação da contribuição. Ontem à noite o blefe veio à tona e o governo se escabelou com a notícia de que a receita programada com a arrecadação do tributo se esvaíra pelo ralo. Congressistas que quando eram da situação ajudaram a criar e prorrogar a cobrança da contribuição gritaram "Viva o povo brasileiro!" - impossível resistir à náusea.

domingo, dezembro 09, 2007

Rescue Dawn (O Sobrevivente)

A história tem início em 1965, quando a Guerra do Vietnã vivia a sua fase embrionária.






O Sobrevivente
é Dieter Dengler (Christian Bale), alemão naturalizado norte-americano, piloto da força aérea em missão no Laos. Dieter é abatido pelas forças vietcongues, cai na floresta e vira prisioneiro. Na prisão, encontra-se com outros prisioneiros, todos civis, derrubados quando voavam em um avião de carga que levava mantimentos para a região.

O inferno da guerra é igual para todos. Demônios são demônios e vítimas são vítimas, independente de nacionalidade .

O filme é de um realismo chocante, marca registrada de Werner Herzog. Sofremos com a luta desesperada de Dieter pela sobrevivência, e nos comovemos com a habilidade e a superação por ele empreendida para preservar o nosso bem mais sagrado: a vida.

Rescue Dawn é um manual de sobrevivência, sem clichês apelativos, que nos transmite a certeza de que mesmo quando tudo parece perdido, quando até mesmo a razão parece querer nos deixar, superar a dificuldade é possível.


8 de dezembro


Há 27 anos, John Lennon era assassinado na porta de casa.










Há 13 anos, a música brasileira perdia Tom Jobim.












Hoje à noite no Maracanã, o Paralamas do Sucesso provou mais uma vez que brasileiro sabe fazer rock de qualidade. Qualidade que, em se tratando de Herbert Viana, parece aumentar a cada dia que passa. A dor parece que tornou a sua guitarra mais pesada, mas ao mesmo tempo lhe permite cantar te forma ainda mais bela.








O que o Police fez logo depois foi demonstrar que o rock não envelhece. Aliás, envelhecer parece uma palavra estranha quando vemos Sting no palco. Summers, embora fisicamente velho, revelou uma espantosa jovialidade na guitarra. Já Copeland, nem tão velho, nem tão " jovem", segue sendo o mesmo endiabrado baterista e percussionista de antigamente.


8 de dezembro e música.

sábado, dezembro 08, 2007

Rádio Blog: The Doors

Desde ontem, a Rádio Blog homenageia The Doors. Acesse os links dos clipes e leia o post publicado na noite de ontem.

"Sobre a escrita e o estilo"


"Antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro. Pensam para exercer sua atividade de escritores...É por isso que sua escrita não tem precisão nem clareza. Desse modo, pode-se notar logo que eles escrevem para encher o papel..."

Arthur Schopenhauer, A arte de escrever, L&PM pocket

sexta-feira, dezembro 07, 2007

The Doors


Certos garotinhos imaturos, pretensos comunistas de plantão, ingênuos estudantes ludibriados por estúpidas ideologias autoritárias, burlescamente auto-intitulados inimigos do imperialismo e defensores dos desvalidos, ovelinhas cooptadas por sanguinários fascistas disfarçados de marxistas - sem sequer terem lido a orelha do primeiro volume de O Capital - dentre tantas patologias, tendiam a abominar tudo o que era produzido nos Estados Unidos da América. Bestializados, execravam até o que de melhor a América sempre produziu: arte de qualidade.

Tive a felicidade de nunca conviver com essa espécie de alienados. Sempre admirei o que de melhor os Estados Unidos da América legaram à humanidade.

Dentre os meus ícones norte-americanos, um espaço significativo reservei aos Doors.

Nascida no ano de 1967, em solo californiano, regado a muito ácido e embebido no melhor da contracultura - beatniks, jazz, Blake, Huxley -, The Doors, conduzida pelo entorpecente órgão deManzarek e pela poesia loucamente genial de Jim Morrison têm um lugar cativo no panteão dos grandes músicos do século XX.

As "viagens" de Morrison, lisergicamente construídas a partir de cultos xamanistícos e remissões diretas aos grandes poetas da língua inglesa - sobretudo William Blake -, conduzem-nos ao universo paralelo aberto pelas portas de uma percepção bloqueada pelo superego - portas que Aldous Huxley abriria para adentrar em um mundo hipersensível aos desejos mais recônditos da alma humana, muito embora para isso tenha necessitado recorrer ao LSD.

Ouvir os Doors é um exercício de transcendência inigualável.

Morrison, como nos mostrou Oliver Stone, não conseguia transcender sua existência auto-destrutiva sem recorrer às drogas. Não sabia que com o seu talento seria capaz de provar que a química artificial não é o único meio de abrir as portas da percepção.


terça-feira, dezembro 04, 2007

Ditador?

Paulo Santana postou o seguinte comentário em seu blog, no dia de hoje: "Se perdeu o referendo, Chávez não é um ditador. Porque os ditadores, quando permitem que se realizem eleições, ganham as eleições porque as fraudam. Nunca perderam eleições decisivas quaisquer ditadores".
Ao respeitar o resultado do referendo - mais até do que ao submeter-se a ele - , Hugo Chávez demonstra mais uma vez que sabe como ser um líder populista. Todo ditador sabe que mesmo que detenha o monopólio da força, para permanecer no poder necessita de um mínimo de legitimidade. Por isso todos os ditadores da história sempre estimulam um verdadeiro culto à sua imagem: necessário apelo à idolatria.
Ao respeitar o resultado do referendo deste fim de semana, submetendo-se ao resultado das urnas, Chávez se curva à vontade popular. Tal atitude não é suficiente para modificar a sua imagem de ditador-populista, revela apenas que ele compreende que por mais autoritário que seja, comprando briga com a vontade popular estará fadado ao ostracismo.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Vitória

O anúncio da vitória do "Não" no referendo sobre o projeto de reforma constitucional proposto por Hugo Chávez na Venezuela representa uma grande vitória para a democracia sul-americana. Mais do que o fato de a população rejeitar um projeto que representaria uma maior concentração de poderes nas mãos de um chefe do Executivo, o resultado do referendo, aparentemente a ser respeitado por Chávez, revela que apesar de certas manchas volta e meia causadas por demagógicos líderes populistas, ainda sob o beneplácito dos coturnos, a democracia encontra-se consolidada na América do Sul.