terça-feira, dezembro 25, 2007

Irlanda


Antes de sua adesão à União Européia, ocorrida em 1973, a Irlanda era um país extremamente pobre, predominantemente agrícola, atividade desenvolvida de forma rudimentar, incapaz de propiciar o necessário desenvolvimento econômico.

Como membro da União Européia, a Irlanda vivencia um boom econômico, fruto da modernização econômica e da grande modernização tecnológica.

Durante séculos, a Irlanda foi o derradeiro recanto da cultura celta, que antes abrangia a França e a Inglaterra. No século V, foi convertida ao cristianismo por St. Patrick. Desde o século XII, quando o rei normando-inglês Henrique II resolveu ocupá-la, os irlandeses passarem a sofrer severos martírios sob o jugo da espada inglesa.

No século XVI, quando da Reforma Protestante, mais especificamente com o rompimento de Henrique VIII com Roma, que culminou na fundação da Igreja Anglicana, os irlandeses, de arraigado catolicismo, rebelaram-se corajosamente contra o domínio inglês. Como estratégia para "amansar" os rebeldes irlandeses, Henrique VIII editou a Lei da Cedência e Devolução, através da qual transformava todas as terras da Irlanda em propriedade pessoal sua, do Rei. Somente os proprietários que jurassem fidelidade ao rei inglês teriam devolvidas as terras expropriadas. Cada motim irlandês era reprimido com o aumento do confisco de terras. Em 1570, a rainha Isabel I proibiu o comércio de lã, que rivalizava com a produção inglesa. Medidas idênticas foram tomadas contra a produção de tabaco e de algodão, o que lançou a ilha num estado de pobreza crônica. Os ingleses, não satisfeitos em aniquilar a economia irlandesa, passaram a reprimir as manifestações culturais celtas, proibindo sua língua e seus trajes, num dos maiores etnocídios da história da Europa.

Ao longo dos séculos, a luta entre ingleses e irlandeses apenas se intensificou. No século XX, o domínio inglês determinou ao povo irlandês que se alistasse para lutar pela Inglaterra na 1ª Guerra Mundial, fato que levou o genial poeta W.Yeats a escrever que o destino do povo irlandês é "guerrear a quem não odiavam e proteger a quem não amavam".

Em 1916, aproveitando o enfraquecimento inglês, fruto do envolvimento na primeira grande guerra, um grupo de militantes da Irmandade Republicana irlandesa (predecessora do IRA), organizaram um levante que redundou na proclamação da República Irlandesa.

A principal força rebelde irlandesa, o IRA, fundado por Michael Collins, passou a protagonizar uma série de ações espetaculares, que levaram a decretação de Lei Marcial em solo irlandês. Em 1920, como represália a morte de 14 oficiais ingleses, um grupo de forças especiais a serviço da Inglaterra (Blacks and Tans) invadiram um estádio de futebol em Dublin e abriram fogo, covardemente, contra os espectadores, culminando em 12 mortos e centenas de feridos. O episódio ficou conhecido como Bloody Sunday.

Em 6 de dezembro de 1921, os irlandeses, liderados por Michael Collins, assinaram o Tratado Anglo-Irlandês, que assegurou a indepedência parcial da Irlanda, na medida em que, ao norte, 6 províncias do Ulster, predominantemente protestante, permaneceriam ligadas à Inglaterra.

Neste século, o IRA aceitou baixar as armas. Em troca, os ingleses passaram a respeitar os 3/4 do território como independentes. A economia irlandesa vem dando um salto significativo, e no campo cultural fala-se em um "renascimento gaélico". Após mais de 800 anos servindo de laboratório para as mais abomináveis atrocidades perpetradas pelo imperialismo britânico, hoje a Irlanda parece ter conseguido, após tanto heroísmo e bravura, alcançar a paz.


Pesquisa: História por Voltaire Schiling (http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index.htm)

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