segunda-feira, dezembro 17, 2007

Desinformação

A Veja, em sua edição desta semana, estampa na capa a imagem de um leão piscando um olho, com uma toca de Papai Noel e um medalhão escrito CPMF. O título é o seguinte: Fim do Imposto do Cheque, O LEÃO VIROU PAPAI NOEL, Um presente de 40 bilhões para os brasileiros. De há muito que a revista perdeu total credibilidade em matéria de informação, não escondendo o seu firme propósito de fazer as vezes de panfleto tucano. Quando folheamos a revista e chegamos na reportagem de capa, impossível conter a náusea: uma foto bizonha, estampando os líderes tucanos no Senado e o título: À CPMF, ELES DISSERAM...BASTA! Subtítulo: E, ao fazê-lo, deram nova vida ao Congresso.

Desnecessário ler a matéria para perceber que o propósito da revista é repercutir os brados tucanos: PSDB tira a democracia do limbo.

Não me incluo dentre aqueles que pensam que a liberdade de imprensa exige neutralidade dos veículos de comunicação. Corolário da liberdade de imprensa é o incentivo ao debate de idéias. Para tanto, necessário se faz externar opiniões, expressar opiniões. Só um espírito policialesco impediria a manifestação da opinião da revista. Mas o credo dos editores deveria ceder espaço, nas reportagens, à razoabilidade, ao contraponto entre os fatos apurados. Não é o que se vê na revista Veja. Da capa à última página do espaço destinado ao noticiário político, o que se vê é uma sucessão de agressões à situação, e uma franca e indecorosa tentativa de dar voz à oposição. No episódio CPMF, mais uma vez a ideologia tucana da revista serviu ao propósito de desinformar, de bitolar o leitor.

Fosse a Veja uma revista séria, ciente de suas responsabilidades como veículo de informação, não teria elaborado tão vergonhosa matéria. Ao invés de fazer eco ao cretino discurso tucano, teria apontado os verdadeiros aspectos negativos da prorrogação da CPMF. Ao contrário de fazer uma edição comemorativa à vitória oposicionista, teria elaborado uma inteligente reportagem na qual apontaria que o grande mal da CPMF não era o impacto da mesma sobre o bolso da população, mas sim a desvinculação da receita por ela gerada aos fins para os quais foi criada. O único trecho realmente informativo da reportagem é o gráfico estampado no rodapé da página 63, na qual mostra que a receita da contribuição era destinada num percentual de 40% para a saúde e de 38% para o pagamento de juros da dívida pública. Esse era o grande malefício do chamado imposto do cheque: alimentar os juros ao invés de reverter para a necessitada saúde pública. Pecou também a revista ao não reservar ao menos uma linha para explicar que a CPMF, na realidade, fora criação tucana. Cria tucana, usada pelo governo tucano durante todo o governo FHC.

Veja está a serviço da guerra entre grupelhos iguais nas atitudes e no modo de governar. Veja presta um desserviço à tarefa de informar e ajudar a formar a opinião dos brasileiros a respeito do que realmente se passa na vida da nação.

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