sexta-feira, dezembro 07, 2007

The Doors


Certos garotinhos imaturos, pretensos comunistas de plantão, ingênuos estudantes ludibriados por estúpidas ideologias autoritárias, burlescamente auto-intitulados inimigos do imperialismo e defensores dos desvalidos, ovelinhas cooptadas por sanguinários fascistas disfarçados de marxistas - sem sequer terem lido a orelha do primeiro volume de O Capital - dentre tantas patologias, tendiam a abominar tudo o que era produzido nos Estados Unidos da América. Bestializados, execravam até o que de melhor a América sempre produziu: arte de qualidade.

Tive a felicidade de nunca conviver com essa espécie de alienados. Sempre admirei o que de melhor os Estados Unidos da América legaram à humanidade.

Dentre os meus ícones norte-americanos, um espaço significativo reservei aos Doors.

Nascida no ano de 1967, em solo californiano, regado a muito ácido e embebido no melhor da contracultura - beatniks, jazz, Blake, Huxley -, The Doors, conduzida pelo entorpecente órgão deManzarek e pela poesia loucamente genial de Jim Morrison têm um lugar cativo no panteão dos grandes músicos do século XX.

As "viagens" de Morrison, lisergicamente construídas a partir de cultos xamanistícos e remissões diretas aos grandes poetas da língua inglesa - sobretudo William Blake -, conduzem-nos ao universo paralelo aberto pelas portas de uma percepção bloqueada pelo superego - portas que Aldous Huxley abriria para adentrar em um mundo hipersensível aos desejos mais recônditos da alma humana, muito embora para isso tenha necessitado recorrer ao LSD.

Ouvir os Doors é um exercício de transcendência inigualável.

Morrison, como nos mostrou Oliver Stone, não conseguia transcender sua existência auto-destrutiva sem recorrer às drogas. Não sabia que com o seu talento seria capaz de provar que a química artificial não é o único meio de abrir as portas da percepção.


Nenhum comentário: