No Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, o amor, em todas as suas modalidades, é considerado obsceno. A família foi abolida, sendo os termos pai e mãe considerados palavras ridículas. A prática do sexo - mais por ser um meio de satisfação de uma necessidade fisiológica do que como um meio de obtenção de prazer e, em nenhum hipótese, para fins de procriação, é incentivada nos seres humanos desde tenra idade: vemos crianças envolvidas em folguedos eróticos em vários trechos da história.
A ideologia que permeia o mundo social descrito no livro tem como característica principal a primazia da comunidade em relação ao indivíduo; o todo é mais importante que o um, e o um pode ser eliminado em benefício do todo, mesmo que mal nenhum pratique contra este.
A morte é banalizada: quando o “selvagem” debulha-se em lágrimas perante a agonia da mãe em seu leito hospitalar, deixa curiosas as crianças que recebiam aulas a respeito da insignificância da morte, além de sofrer forte reprimenda por parte da enfermeira que as educava.
Não há espaço para sentimento; a religião, pelo menos como a conhecemos hoje, foi varrida do “mundo civilizado”; a humanidade é apenas um meio para que seja atingido o fim supremo que é a garantia da ordem social; até mesmo a ciência que conduziu à civilização já não é mais valorizada como um bem – após atingir o apogeu do progresso, declinou para o perigeu da manutenção da ordem. Todos os valores foram suprimidos em prol de um totalitarismo frio e sufocante, baseado unicamente no materialismo.
Não mais se venera os ensinamentos de Cristo, nem de Maomé, nem de Moisés, nem de Buda, nem de Brahma, nem de Shiva, nem de Zoaroastro ou de quaisquer outras divindades....Ford é a Divindade Suprema.
No Admirável Mundo Novo, a felicidade está ao alcance de qualquer um que resolva ingerir um comprimido de soma. Ser feliz não é um direito, mas um dever imposto através do avanço da indústria farmacêutica.
A genética dividiu a sociedade em castas, realizando um rígida divisão do trabalho: cada ser humano que vai nascer é geneticamente programado para desempenhar o papel que a comunidade necessita que ele desempenhe.
Não há liberdade para amar, para adorar, para escolher, para questionar, nem mesmo para sofrer: os seres manipulados para serem geneticamente inferiores não possuem capacidade de pensamento que lhes permita dar-se conta da condição que lhes foi imposta.
Tudo é padronizado, minuciosamente estilizado, seguindo um pragmatismo inelutável.
A literatura não mais existe: o mais próximo da arte é o cinema sensível e a música sintética.
O livro foi escrito em 1932: Huxley era um visionário.
domingo, março 26, 2006
Admirável Mundo Novo
Postado por
Blog do Chico
às
8:31 PM
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