domingo, julho 02, 2006

Paradise Now

Existe solução para o conflito israelo-palestino? O velho clichê “tudo tem solução, exceto a morte”, responde a pergunta. Sim, há solução. Mas qual é essa solução? Através de um raciocínio simples, desconsiderando os inúmeros fatores que tornam complexa a solução do problema, podemos resolver a questão chegando à conclusão que a única saída seria acabar com as sucessivas e recíprocas retaliações. Se dependesse do povo israelense e palestino, considerados estes enquanto pessoas comuns, preocupadas única e exclusivamente com a garantia de uma vida pacífica e sem conflitos, a guerra já teria acabado há muito tempo: o palestino e o judeu comum não vêm motivos para odiarem-se mutuamente, estão mais interessados na vida, na co-existência pacífica. Ocorre que, embora estes constituam a maioria da população, os donos do poder, cujo caráter constitui-se em um amálgama de fascismo, conservadorismo, oportunismo e extremismo psicótico, dificultam o fim da guerra. Como pano de fundo, como estratégia de manobra, se valem da ortodoxia religiosa. São os fundamentalistas judeus e muçulmanos, aliados à interesses político-financeiros, que se aproveitam do desespero do povo – entre os palestinos, o desespero em meio à miséria, enquanto que entre os judeus, o medo em meio à pujança material. Enquanto os extremos comandarem, o equilíbrio continuará distante. Paradise Now , filme realizado por cineastas palestinos, conta a estória de dois “mártires de Alah”, na iminência de um atentado terrorista. O filme mostra os bastidores de um ataque de homens-bomba, revelando desde a estratégia de convencimento até o substrato psicológico que motiva uma missão suicida. Num dado momento, quando estão rumando para o ataque, um dos protagonistas questiona o arregimentador sobre o que acontece depois do cumprimento da missão. De imediato, este responde que dois anjos virão para levá-los ao paraíso. O futuro mártir pergunta se ele tem certeza disso. Um pouco nervoso, sem coragem de mirá-lo nos olhos, responde com um incisivo “É claro!”. O filme não apresenta soluções mágicas para o conflito, mas deixa claro que, com exceção dos lunáticos e dos oportunistas, a maioria dos palestinos não vê o terrorismo como a melhor alternativa para acabar com a opressão israelense.

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