terça-feira, outubro 23, 2007

A fé como produto

A notícia de que os bispos da Igreja Renascer utilizariam falsas doações para entidades filantrópicas como lavagem de dinheiro arrecadado junto aos fiéis e incorporado ao seu patrimônio pessoal estimula a polêmcia sobre até que ponto certas seitas neo-pentecostais merecem permanecer intocadas em nome do direito constitucional da liberade de culto.

Segundo noticia o site Última Instância, em visita a três entidades supostamente beneficiadas com doações da Renascer a Polícia Civil detectou que as mesmas encontram-se em total abandono, com alimentos vencidos e acúmulo de sujeira.

O casal Sônia e Estevam Hernandes foram presos nos EUA após responderem a ação penal por crime fiscal. No Brasil, os dois tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz Criminal da 1ª Vara da Justiça Criminal de São Paulo, por crime de lavagem de dinheiro.

Com a lábia peculiar à espécie, os bispos conseguem ludibriar os fiéis inclusive em situações difíceis como essa, invocando as denúncias e os decretos de prisão como se fossem provações a que estão sendo sujeitados para salvar a alma dos crentes.

Há alguns anos, um outro "líder religioso" brasileiro também passou pela mesma situação enfrentada atualmente pelos bispos da Renascer. Edir Macedo, mesmo tendo chegado a cumprir prisão preventiva, acabou absolvido de inúmeras acusações de estelionato, lavagem de dinheiro e evasão de dívidas, fatos que acabaram fortalecendo a sua imagem perante os fiéis. Explorando a própria imagem enquanto esteve preso - uma foto na prisão é capa da biografia recém publicada-, Macedo não apenas conseguiu preservar os milhões de fiéis que possui em todo o mundo como continua a arrebanhar cada vez mais crentes.

O uso da fé como produto extremamente lucrativo pelos neopentecostais teve origem nos EUA, na década de 70. A liberdade de imprensa é frequentemente questionada nos tribunais. No entanto, sob a guarda da liberdade religiosa, o uso da fé como instrumento de ludibriação do desespero em prol do benefício pessoal raramente é condenada nos tribunais. Qual o limite da liberdade de culto?

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