quinta-feira, agosto 30, 2007

Ensaio sobre a cegueira

Após o vazamento da conversa do descuidado ministro Ricardo Lewandoski, os ministros Eros Grau, Carlos Ayres Britto e Gilmar Ferreira Mendes vieram a público para, data vênia, desmentir a alegação de que teriam atuado com a "faca no pescoço" durante o julgamento da denúncia contra os 40 envolvidos no mensalão.

As declarações dos ministros, cujo teor variou do humorado ao indignado, foram óbvias: todos negaram ter sido influenciados por qualquer pressão externa.

Dos votos, até agora, só li fragmentos. Mas o inquérito está aqui no meu HD. Da análise superficial dos indícios apurados, comparando-os ao entendimento externado pelos ministros, restou a firme convicção de que o julgamento foi adequadamente técnico.

Consituti falácia a alegação de que o julgador tem que ser neutro.Nenhum ser humano é capaz de julgar de maneira robótica. Neutro e imparcial são conceitos que não se confundem. Das evidências à técnica, resta claro que os ministros atuaram com a exigida imparcialidade. Talvez o ministro Lewandosky tenha se deixado influenciar um pouco mais por anseios alheios, como poder-se-ia depreender do fato de ter sido o único a não enxergar indícios suficientes para a acusação de José Dirceu como integrante da quadrilha. Ao final, poderá até acontecer de o ex-ministro restar inocentado. Agora, ignorar os indícios revelados pelo inquérito e eximi-lo de responder ao processo beira à cegueira.

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