quinta-feira, novembro 29, 2007

Pink Floyd


Enquanto os bares de Londres eram arrasados por uma avalanche de pedras que rolavam produzindo músicas nas quais expressavam sua Sympathy for the Devil e quatro besouros alçavam vôo desde as docas de Liverpool com sua música que gritava Help e, segundo eles, tornava-os mais populares do Jesus Cristo, quatro malucos de Southampton (Syd Barret, Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason) fizeram a fusão de dois bluesmans do Mississipi criando o Pink Floyd, banda cujo "rock lisérgico", com influências da música erudita e do jazz, remetendo os fãs para um Universo Paralelo, sem necessariamente apelar para a ingestão de uma boa "dose" de ácido lisérgico.

O Pink Floyd desvendou a Saucerful of Secrets, ao mesmo tempo em que slides eram projetados no fundo do palco, marcando o início da era dos efeitos especiais em shows musicais - hoje uma banalidade, presente em qualquer show de música brega.

As contínuas experiências de Barret com LSD levaram-no a uma viagem sem volta para the dark side of the moon , viagem cantada pela banda no disco homônimo, o qual, para este blog, é a obra-prima da banda (tocado em pleno espaço sideral por astronautas russos).

O espaço não era o limite, e os ingleses malucos (nem tanto), com o genial David Gilmour suprindo a baixa de Sid Barret, desceram ao inferno para musicar o sofrimento dos pompeanos petrificados pelas lavas do Vesúvio, na perturbadora Echoes.

A mente depressiva de Waters criou a genial ópera-rock The Wall (dirigida por Alan Parker, no cinema), cujos tijolos eram colocados, música por música, representando as neuroses do Kafka do rock. "Acalme-se filhinho, não chore/mamãe fará tudo para seus pesadelos se realizarem/ Mamãe colocará todos os seus temores dentro de você/ Mamãe o manterá aqui sob suas asas..." dizia a Sra. Waters a seu filho na edipiana Mother.

A morte do pai durante a Segunda Guerra Mundial foi cantada por Roger Waters em The Final Cut :"E o velho Rei George mandou um bilhete para mam~e/Quando soube que o papai tinha morrido.../E meus olhos umedecem quando me lembro.../Quando os tigres se libertaram.../E ninguém da companhia Real de Fuzileiros sobreviveu.....Foi assim que o Alto Comando tirou meu pai de mim!"

Foi em The Final Cut que o conflito entre os egos de Gilmour e Waters pôs um ponto final na fase mais genial do Pink Floyd. Após uma ferrenha batalha judicial, Gilmour ganhou o direito de seguir usando a marca Pink Floyd junto com Wright e Mason. Waters seguiu carreira solo, produzindo apenas um disco capaz de reviver a qualidade musical do passado (Amused to Death). Após gravarem The Division Bell, a banda nunca mais produziu, limitando-se a fazer shows cujos pontos altos eram justamente as antigas canções dos tempos de Waters.

Há dois anos, num evento beneficente, eles voltaram a se reunir em um show em Londres. Roqueiros não deveriam envelhecer.

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