quarta-feira, novembro 28, 2007

Sob a batina

A Superinteressante deste mês estampa na capa uma polêmica reportagem sobre os escândalos sexuais que abalam as estruturas do catolicismo. Os constantes casos de pedofilia envolvendo padres católicos nos últimos anos é motivo de forte constrangimento para a cúpula da Igreja Católica, cujo número de fiéis decresce exponencialmente em virtude do maior apelo representado pelas seitas neopentecostais. Por outro lado, os freqüentes abusos sexuais perpetrados por padres contra crianças alimenta a discussão em torno do celibato imposto pela Igreja aos clérigos há mais de mil anos.

Que a imposição do celibato dá margem ao desencadeamento de fortes transtornos psicossexuais é incontestável. O problema não é a abstinência sexual em si, mas a obrigação de abdicar dos prazeres do sexo. Embora em percentual ínfimo, a opção deliberada pela abstinência sexual acontece, sem maiores repercussões psicológicas, como atesta o psicanalista entrevistado na matéria da revista. A reportagem apresenta interessante hipótese para aventarmos uma possível explicação para a relação entre o celibato e a pedofilia. Não seria a abstinência sexual a fonte direta do desenvolvimento das perversões sexuais, mas sim uma espécie de fuga que pessoas com fortes conflitos sexuais encontram para acobertar essa tendência que reconhecem mas têm receio de questionar, muito mais de expor. Sob a batina, esses sujeitos sentir-se-iam protegidos para exercer as suas mais recônditas perversões, acreditando estarem imunes de todo e qualquer questionamento ou punição da sociedade.


O "sistema do Vaticano" alimenta esse tipo de pensamento.Desde a década de 60, muito embora condene abertamente toda e qualquer forma de perversão sexual (na realidade, oficialmente o condena o sexo por prazer), além de repudiar o homossexualismo, o Vaticano orienta seus clérigos para que, na hipótese de flagrarem um "colega" em situação de pecado, não devem denunciá-lo à polícia, mas sim à própria Igreja. Para o Vaticano, casos como esses devem ser punidos segundo os trâmites administrativos, e não pelas leis "externas".


O certo é que a manutenção de certos dogmas medievais, enaltecidos sobretudo sob o pontificado atual, a batina tende a continuar servindo de armadura para a prática de crimes como a pedofilia.


Amém.

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