domingo, abril 30, 2006

Arte

Se do prato vazio que a criança chora
Sob o jugo autoritário do republicano engrandecido,
Na manhã demoníaca da terça-feira onze,
Enquanto o pequeno angolano chora solitário o cadáver da mãe esquartejada,
Enquanto Waters planeja sua jornada dionisíaca
De cujo prazer se vê privado o miserável latino,
Cujos sapatos sujos a sola grita
Entre balas perdidas e discursos demagógicos
Na fria província semi-insular
De que adianta?

Se da bala perdida que a criança mata
Sob o discurso mentiroso do canalha republicano
Na noite demoníaca da cidade em chamas
Quando médicos e enfermeiras lutam para estancar feridas abertas
Quando a música de Coltrane é abafada pelas explosões de uma mesquita em Bagdá
De cujo horror a jovem iraquiana se vê privada em seu exílio na Jordânia
Após a última sessão de cinema em Jerusalém
Destruído pelo ato desumano de mais um enlouquecido homem-bomba.
De que adianta?

Um casal americano trepa sobre os lençóis de cetim em sua casa em Oklahoma
Num ato que talvez seus governantes já não sejam mais adeptos
Quando matar e morrer viram sinônimos de liberdade
Quando os valores são estupidamente incompreendidos
De que adianta?

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