quinta-feira, abril 20, 2006

Denúncia, Parte I

A leitura da Denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República nos autos do Inquérito nº 2245 que tramita no STF, embora árdua (136 páginas), não tem nada de enfadonha, nem mesmo para leigos.

A peça processual, por si só, deveria ser transformada em livro e distribuída gratuitamente à toda população.

A leitura da obra pode ser feita segundo dois prismas: o jurídico e o histórico.

Abstraiamos o conteúdo jurídico e nos atentemos ao conteúdo histórico.

Nas páginas 12 e 13, somos brindados com uma perfeita síntese da histórica política brasileira:


“Para a exata compreensão dos fatos, é preciso pontuar que Marcos Valério é um verdadeiro profissional do crime, já tendo prestado serviços delituosos semelhantes ao Partido da Social Democracia Brasileira –PSDB em Minas Gerais, na eleição para Governador do hoje Senador Eduardo Azeredo, realizada em 1998. fato que é objeto do inquérito nº 2280 em curso perante essa Corte Suprema”.

“Como forma de ilustrar essa realidade, interessante observar que a denunciada Simone Vasconcelos, principal operadora do esquema dirigido por Marcos Valério, trabalhou na campanha eleitoral do Senador Eduardo Azeredo em 1998 e foi indicada para Marcos Valério pelo tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão”.

“Portanto, foi exatamente nessa empreitada criminosa pretérita que ele adquiriu o conhecimento posteriormente oferecido ao Partido dos Trabalhadores, o qual, por meio de José Dirceu, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoíno, prontamente aceitou”.

“Marcos Valério sempre atuou no ramo financeiro, que representou a verdadeira escola dos estratagemas por ele implementados e oferecidos aos Partidos mencionados (PSDB e PT)”.

“ Em 1996, contudo, ele ingressou na empresa SMP&B Comunicação Ltda, não possuindo, repita-se, formação acadêmica ou qualquer experiência na área de publicidade. Ali já atuavam os sócios Ramon e Cristiano, quando ingressou Marcos Valério entrou juntamente com o atual Vice-Governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, seu “padrinho” na época, passando a figurar como a face visível das práticas ilícitas daquele grupo”.

“ Marcos Valério, no depoimento prestado na Procuradoria-Geral da República, confirmou que a empresa de publicidade beneficiária das maiores contas do Governo é aquela que compõe com o grupo político que se encontra no poder “.

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