domingo, abril 23, 2006

Sobre a imprensa

Só existe liberdade de imprensa onde à imprensa é assegurada a prerrogativa de exercer o papel de ombudsman do poder. Numa autêntica democracia, a imprensa é o veículo que mantém o povo informado do que ocorre nos bastidores do poder. A imprensa, no exercício de suas prerrogativas funcionais, deveria ter liberdade para esmiuçar não apenas o poder político, mas o poder em todas as suas formas. Sabemos que a imprensa, ao menos a grande imprensa, encontra sérias dificuldades para desempenhar o seu papel. O poder, no mundo de hoje, sobretudo o poder econômico-financeiro, é uma seara cuja devassa é quase impossível de ser realizada. O fantasma da incredulidade que ronda as esferas do poder político contamina igualmente a grande mídia. Em ambos os setores, é o poder econômico-financeiro quem lhes perverte os objetivos. Se dependemos da imprensa para fiscalizar o poder, dependemos também da imprensa para fiscalizar a própria imprensa. O papel do ombudsman na mídia impressa, como ocorre no jornal A Folha de São Paulo, ou o de programas televisivos como o Observatório da Imprensa, da TV Cultura, são imprescindíveis para a democracia. Infelizmente, são poucos os veículos de comunicação social que dão espaço à auto-crítica. Você conseguiria imaginar um ombudsman na revista Veja? Agora, se é inegável a falta de credibilidade de muitos veículos de comunicação de massa, não podemos inquinar toda a imprensa de tendenciosa. Assim como não podemos tachar todos os membros do poder político de “quadrilheiros” ou mal-intencionados pelo fato de a presença destes ser a maioria. Do contrário, estaríamos sepultando qualquer perspectiva democrática.

Reconhecimento


Embora tenhamos muito o que criticar no atual governo federal, não podemos deixar de reconhecer aquele que, na minha opinião, se constituiu no seu maior acerto: a tentativa de redução da vulnerabilidade externa do país. Até mesmo o mais ferrenho opositor do governo Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reconheceu esse mérito. Só neste ano, o governo federal conseguiu abater a dívida externa em US$ 10, 2 bilhões . A liquidação antecipada do empréstimo do FMI e outros pagamentos realizados anteriormente, aliados ao resgate antecipado de U$S 6,5 bilhões em bônus “ bradies”, realizado recentemente, representam uma redução líquida de US$ 33 bilhões de dólares nos últimos quatro anos. Em 2002, quando assumiu o presidente Lula, a dívida externa líquida do setor público representava cerca de 21% do PIB, hoje, o montante da dívida equivale a menos de 3% do PIB (US$ 77 bilhões). Quem critica o mérito dessa atitude do governo federal, sob o argumento de que esse dinheiro deveria ter sido utilizado para outros fins (gastos sociais, por exemplo), ou o faz apenas com propósitos eleitoreiros ou então é daqueles que não enxergam, ou não querem enxergar, o ônus que representou para a nossa história o endividamento externo que herdamos do regime militar.

Extraí esses dados de um artigo do Senador Aloizio Mercadante, cuja idoneidade se mantém inabalada, apesar do mar de lama em que se encontram metidos muitos dos próceres petistas.

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