domingo, abril 09, 2006

Hoje à tarde no Beira-Rio



Tenho dificuldades em começar a contar o que aconteceu agora à pouco, menos de meia-hora atrás, no imponente Estádio Gigante da Beira-Rio. É difícil sublimar a emoção que ainda pulsa no coração tricolor.
Algumas horas antes do jogo, liguei o rádio a fim de acompanhar os eventos que o antecediam.
Ouvi que o público estimado era de aproximadamente 60 mil pessoas. Também escutei que o Internacional havia confiscado 2 mil ingressos que haviam sido destinados aos torcedores gremistas. Quando faltava cinco minutos para acabar a partida, a televisão informou que o público fora de 57.415 pagantes. Supondo que os 6 mil ingressos a que tinham direito correspondeu ao número de gremistas no estádio, concluímos que 51.415 colorados ocuparam o seu estádio na esperança de assistir aos seus “diamantes” conquistarem o pentacampeonato regional.
Antes do jogo, nem o mais fanático torcedor gremista poderia manifestar convicção com relação à conquista do título. O máximo que nós, realistas torcedores, poderíamos afirmar é que os jogadores gremistas teriam a mesma determinação e “pegada” apresentada no jogo do Olímpico. Seria uma temeridade qualquer manifestação em contrário.
Analisando a escalação das duas equipes, era evidente que o Inter possuía um grupo repleto de excelentes jogadores, tanto os que começariam a partida quanto os que aguardariam sentados no banco de reservas. O histórico recente também indicava uma inquestionável superioridade colorada: o Internacional é o atual vice-campeão brasileiro, classificou-se sem maiores dificuldades para as oitavas-de-final da Libertadores, além de ter feito a melhor campanha do campeonato gaúcho até então. Já o Grêmio, bem, o Grêmio fora melancolicamente eliminado da Copa do Brasil pelo modesto XV de Novembro de Campo Bom. No próprio campeonato gaúcho, embora tendo conseguido se classificar em primeiro no seu grupo, frustrara a torcida com sofríveis atuações. Todos reconheciam as limitações técnicas da equipe, inclusive os próprios jogadores, como manifestaria Jeovânio após a partida. Se imperasse a lógica, o Internacional seria o campeão. Mas a lógica, quando o Grêmio entra em campo, desaparece.
Hoje à tarde no Beira-Rio o Grêmio mais uma vez derrubou aquela máxima de que “camisa não ganha jogo”. Camisa ganha jogo sim, a do Grêmio pelo menos. Como explicar a conquista de hoje à tarde senão atribuindo a façanha gremista a dois elementos: o técnico e a sagrada camisa tricolor. Está certo, talvez esteja me deixando contagiar novamente pela emoção, mas não existe outra forma de explicar as façanhas do Grêmio senão abdicando de argumentos racionais. Com argumentos racionais não se explica o que aconteceu hoje à tarde no Beira-Rio. A razão é insuficiente para justificar o fato de 11 limitadíssimos jogadores de futebol terem conquistado um título contra uma equipe constituída por 20 excelentes jogadores, dentro da casa destes. E mais, diante de 51.415 endiabrados torcedores adversários.
A única explicação racional possível de ser dada para a conquista do título gaúcho é a seguinte: o Grêmio tem um grande treinador, pois somente um grande treinador é capaz de transformar um limitado elenco em uma equipe campeã. Além disso, hoje à tarde restou evidente que o Internacional não tem treinador, pois somente sem treinador é possível deixar de transformar o rico elenco de jogadores do Inter em uma equipe competitiva. Não podemos nem acusar os jogadores do Inter de terem “pipocado” diante do Grêmio, pois os mesmos demonstraram muita vontade em campo, embora esta tenha se revelado insuficiente.
Abel Braga é um treinador, digamos, infeliz. Seu currículo revela uma forte tendência para perder títulos. Com um pouco de sarcasmo podemos concluir que Abel Braga e o Internacional possuem um histórico bastante semelhante: são capazes de fazer grandes campanhas, mas acabam sempre morrendo na praia.
Não tenho muito o que falar a respeito do Grêmio sem me tornar repetitivo. O Grêmio não é apenas um clube de futebol, a história do Grêmio daria uma excelente tese de parapsicologia.
Não deu a lógica na final do campeonato gaúcho. O Grenal não foi vencido pelo melhor, mas pelo maior. Que o digam os 51.415 colorados que deixaram o Beira-Rio perplexos, frustrados, com o rabo no meio das pernas.
Antes de encerrar, me sinto na obrigação de ser solidário com a tristeza que se abateu sobre a tão sofrida nação colorada. Nada melhor para manifestar a minha solidariedade do que dar um conselho aos co-irmãos: se ainda possuem alguma expectativa com relação a Libertadores, derrubem o Abel. Isso mesmo, derrubem o Abel enquanto ainda há tempo.



PS . Antes do jogo, mais por provocação do que por convicção, havia feito um prognóstico a alguns amigos colorados. Dissera-lhes que o jogo terminaria empatado em 1 a 1, com o Grêmio marcando seu gol através do Pedro Júnior,aos 40 minutos do segundo tempo. Errei por cinco minutos. Mais uma vez, peço desculpas ao Internacional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, essas aventuras do tricolor, com certeza, servem para melhorar os índices cardíacos no estado. As tensões que vivemos nos fortalecem. Ao passo que outros...