sábado, abril 01, 2006

Eleições: 183 dias

Dois sujeitos bebem tranqüilamente a cervejinha do final de tarde, à beira-mar, contemplando o desfilar de belas mulheres. De repente, um deles volta-se para o outro e diz:

- Certa vez um Presidente da República revelou:”Só num país como o Brasil na situação atual eu poderia chegar a presidente da República”. “Como é que se chega ao meu nome? Ora, porque fulano é cretino, sicrano é burro, beltrano é safado! Isso é jeito?” – e sorve um gole de cerveja – E tu, vais votar em quem para presidente?

Após tomar um gole de cerveja, estalando os beiços de prazer, o outro responde:

- No segundo turno, se houver, vou votar no Lula...e tu?

O outro, ainda com a frase do ex-presidente na cabeça, sem titubear, responde:

- Eu também...


Grenal


É hoje à tarde, às 16 horas, no Olímpico. Já faz quase dois anos. Inevitável sentir saudades – apesar do último resultado. Vamos para o gramado sem maiores responsabilidades: a razão e o bom senso nos dão a convicção de que o Inter é infinitamente superior. Para nós, que já subimos ao cadafalso, só resta torcer para que a corda não suporte o peso da nossa camisa. Apesar da razão, ainda tenho esperança.



Homens ao espaço


Aqueles que nunca leram os livros do Arthur Clarke, nem os do Azimov e muito menos os do Júlio Verne têm sérias dificuldades em encontrar razões para os gastos de bilhões de dólares com programas de exploração espacial. Aqueles que, além de não gostarem de ficção científica, não têm nenhum interesse por astrofísica ou astronomia, acham perda de tempo e de dinheiro investir em viagens espaciais.

Não sei se já foi feita alguma pesquisa a respeito, mas dado o número de pessoas que para mim já manifestaram essa dúvida, não são poucos os que sequer acreditam que o homem realmente um dia pisou na Lua: “Aquilo foi montagem de Hollywood”, costumam dizer.

Prefiro ignorar o pensamento desses últimos, mas até compreendo a opinião dos primeiros: em um mundo em que tantos morrem de fome, de sede ou por doenças contra as quais há muito tempo já foram desenvolvidas vacinas, é difícil legitimar o investimento de bilhões de dólares na exploração espacial.

Reconheço que temos problemas mais urgentes para resolver do que buscar habitat em outras partes do Universo. Para que uma estação espacial quando a cada dia milhões morrem de fome na África?

Prefiro contrapor a essa questão uma outra: para que investir bilhões de dólares em gastos militares quando a cada dia milhões de crianças morrem de fome em todo o mundo, ao mesmo tempo em que fazemos de tudo para que a vida se torne cada vez mais inviável em nosso planeta, nos levando a pensar com seriedade em buscar uma nova casa para a humanidade?

Está certo, atualmente, tão utópico quanto acreditar que possamos canalizar o dinheiro despendido com material bélico para acabar com a fome na África é pensar em construir hotéis-fazenda em Marte.

Realizei todo esse volteio para chegar ao tema da viagem do primeiro brasileiro ao espaço. Pagamos 10 milhões de dólares pelo passeio de 10 dias de um compatriota até a estação espacial. Querer comparar esse feito com o da invenção do avião pelo Santos Dumont é sacrilégio.

Desconheço a natureza dos experimentos que o Marcos Pontes levou para o espaço, mas pelo pouco destaque que mereceram da mídia, deduzo que não têm maior relevância. A viagem, em si, acredito que tenha valor, quando muito, histórico. Talvez maior que o valor histórico seja o aspecto circense que a envolveu. Utilidade prática, nenhuma, como a própria comunidade científica brasileira manifestou. Já li que essa viagem é obrigação assumida pelo Brasil ao assinar o tratado de desenvolvimento da Estação Espacial Internacional. Mas se é essa a justificativa, após mandarmos um brasileiro para a Estação, na qual ficará somente por uma semana, qual a próxima contribuição do Brasil para o desenvolvimento da Estação Espacial Internacional? Astronautas brasileiros passarão a viajar com freqüência para lá? Se sim, a que custo? Ou melhor, com o dinheiro de quem?

A comunidade científica brasileira, dentre as críticas menos ácidas que fez a essa viagem, manifestou-se dizendo que a viagem do astronauta brasileiro só tem valor como divulgação científica, pois chamaria a atenção, sobretudo das crianças, a respeito da importância da exploração espacial. Muito pouco para um país que não consegue subsidiar nem mesmo a construção de um foguete capaz de lhe permitir enviar satélites para o espaço sem precisar alugar foguetes russos ou americanos.

Afora tudo isso, abstraindo o racional, deixando-se levar pelo sentimentalismo tupiniquim e pela paixão pelas estrelas, é emocionante ter um brasileiro, neste exato momento, passeando pelo espaço.

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